quinta-feira, 31 de julho de 2008

Morre Joaquim Guedes


Joaquim Guedes morreu atropelado por veículo não identificado, em frente ao seu apartamento, na zona sul de São Paulo. O acidente ocorreu por volta das 20:00 horas de domingo, dia 27 de julho. Aos 76 anos de idade, pleiteava uma vaga na Câmara Municipal e era presidente licenciado do IAB - SP. O arquiteto Joaquim Manoel Guedes Sobrinho, nascido em São Paulo em 1932, foi professor da FAU - USP e da Escola de Arquitetura de Estrasburgo, na França. Como crítico da escola formalista, era intransigente e corajoso na defesa de uma arquitetura que representasse a cultura brasileira voltada para a nossa realidade.
Joaquim Guedes morreu atropelado por veículo não identificado, em frente ao seu apartamento, na zona sul de São Paulo. O acidente ocorreu por volta das 20:00 horas de domingo, dia 27 de julho. Aos 76 anos de idade, pleiteava uma vaga na Câmara Municipal e era presidente licenciado do IAB - SP. O arquiteto Joaquim Manoel Guedes Sobrinho, nascido em São Paulo em 1932, foi professor da FAU - USP e da Escola de Arquitetura de Estrasburgo, na França. Como crítico da escola formalista, era intransigente e corajoso na defesa de uma arquitetura que representasse a cultura brasileira voltada para a nossa realidade.

O nascedouro de uma revista


“Acho que a saída é fazer uma revista de arquitetura independente”, pensou Vicente Wissenbach. A fonte de suas preocupações era o Jornal Arquiteto - uma publicação conjunta do IAB/SP e do Sindicato de Arquitetos do Estado de São Paulo -, que ele editava desde julho de 1972, por sugestão de Alfredo Paesani, fundador do sindicato e cunhado do jornalista. Para dar peso à publicação, ambos convocaram o IAB/SP como parceiro. Foi firmado um contrato de cinco anos entre as entidades e a editora de Wissenbach, a Schema. Sem envolver dinheiro: quem pagava as contas da publicação eram os anúncios, uma vez que ela era distribuída de graça e não havia repasses das entidades. Estas, com o tempo, passaram a travar uma disputa velada por espaço e por associados. Wissenbach pensava na revista pois via incerteza no futuro da parceria de sucesso: o jornal começou com tiragem de 3,5 mil exemplares e chegou a 15 mil. “Vamos jogar tudo isso no lixo”, resmungou. Naquela mesma semana ele acertou com as duas direções que iria tentar fazer uma revista.
“Os veículos não são concorrentes”, explicou Vicente. “Enquanto o papel do primeiro é publicar notícias referentes à política profissional, o segundo terá como linha editorial a apresentação de projetos.”
Por outro lado, “há espaço editorial e comercial para isso”, relatou a um amigo. Isso porque, desde dezembro de 1971, quando a Acrópole deixou de circular, não existia nenhuma revista brasileira de arquitetura. “Imagina que a Summa, da Argentina, tem mil assinantes no Brasil”, continuou o papo.
O editor passou a testar o embrião da revista dentro do próprio Jornal, que começou a publicar alguns projetos.
“Primeiro vamos fazer um caderno de quatro páginas, depois de oito”, disse ele ao diagramador.“Como é que ela vai se chamar?”, perguntou um amigo arquiteto. “PROJETO”, respondeu Vicente. “Eu penso em criar publicações com nomes claros, que expressemde forma direta o conteúdo editorial. Se o focoda revista serão os projetos, então o nome será PROJETO”, falou. E ainda arrematou, quase como vidente: ”Se eu tiver uma revista de construção, por exemplo, vai se chamar Obra; e se for de design e interiores, o nome será Design & Interiores”.
Chamou Vivaldo Tsukumo para criar o logotipo. Depois de muito pensar na pauta da revista número 1, veio a idéia: “Temos que colocaralgo que diferencie a revista das demais publicações, voltadas para o público leigo”, pensou. “Podemos publicar indústrias: elas são facilmente atribuídas a engenheiros e, assim, iniciaremos a consolidação de mais um campode trabalho profissional para o arquiteto”, imaginou o editor.
A escolha da imagem da capa, que mostra alguns operários no interior de uma fábrica em Carapicuíba, foi questionada: “Isso não é uma provocação política, Vicente?”. E ele respondeu: “É só uma foto do Moscardi de uma fábrica pré-moldada. Olha que imagem bonita. É essa!”.
Enfim, uma das chamadas de capa da edição 44 do Jornal Arquiteto anunciava: “PROJETO: a proposta que vai virar revista”. A nota avisava os leitores que eles receberiam “uma minirrevista - que ainda vai crescer”.Nascia aí a publicação, com apenas 16 páginas.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

arquitetura pública


Projeto de lei prevê assistência técnica de arquitetos e engenheiros à autoconstrução
Lei que tramita no Senado pretende dar assessoria gratuita de construção para famílias com renda de até três salários mínimosRafael Frank
Se o Projeto Lei 6.981 que tramita no Senado for aprovado, engenheiros civis, arquitetos e urbanistas serão contratados pelas prefeituras para dar assistência técnica gratuita às famílias de baixa renda. Os serviços de engenharia e arquitetura incluiriam a construção de novas residências, reformas, ampliações ou regularizações fundiárias.
O atendimento seria prioritário às iniciativas sob o regime de mutirão ou áreas declaradas por lei como de interesse social. "As entidades estão pleiteando a prestação de serviços e engenharia e arquitetura pública há muitos anos", afirma Ricardo Veiga, presidente do Confea. O próprio Conselho possui programas de engenharia e arquitetura públicas semelhantes, como o Programa Casa Fácil (Crea Paraná) e Programa Engenharia e Arquiteturas Públicas (Crea Minas Gerais).
Veiga não identifica a autoconstrução dessas famílias como uma ameaça ao setor pela atual condição do mercado. Ele salienta que a inserção de aspectos técnicos nessas construções apenas acrescentaria melhorias à sociedade e evitaria problemas como desabamentos ou reformas desnecessárias por erros de execução. "O profissional pode orientar para evitar gastos e, até mesmo, o consumo de insumos de forma desnecessária", aponta. Outra melhoria diz respeito à questão estética que os arquitetos e urbanistas poderiam oferecer aos projetos dessas famílias.
A CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), o Sinduscon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo), a Ademi (Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário) e o Deputado Zezéu Ribeiro não se pronunciaram até o encerramento desta matéria.
O projeto, que engloba famílias com renda de até três salários mínimos, foi baseado no artigo 6° da Constituição Federal, que estabelece o direito social à moradia, além de outros dispositivos legais. Ainda não há data definida para a votação do projeto. De autoria do Deputado Zezéu Ribeiro (PT-BA), que também é arquiteto e ex-conselheiro do Confea (Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia), o texto teve colaboração de diversas entidades do setor profissional da construção civil.
O projeto foi escrito em 2006 após duas audiências públicas na Câmara dos Deputados, mesas-redondas no Fórum Mundial Social e seminários promovidos pela FNA (Federação Nacional de Arquitetos e Urbanistas) com participação do IAB (Instituto de Arquitetos do Brasil), Sistema Confea/Crea, Ministério das Cidades, universidades e até mesmo prefeituras. Ainda não há definição quanto à procedência dos recursos para a implantação do projeto.

Participe do fórum: Prefeituras devem fornecer gratuitamente serviços de engenheiros e arquitetos para famílias de baixa renda? Isso é engenharia pública ou estímulo à autoconstrução?http://www.revistatechne.com.br/engenharia-civil/134/artigo89622-1.asp

A construção de um gigante




Colocando um lápis de pé, o empresário John Jacob Raskob perguntou a William Lamb, o principal arquiteto do Edifício Empire State: “Bill, quão alto você pode fazê-lo sem que ele caia?” Assim começou o projeto deste lendário arranha-céu, que é uma das obras mais famosas de Nova York. O prédio foi construído pouco depois da Grande Depressão de 1929,representando para os americanos, um sinal de força e recuperação.

A obra chegou a receber 3.000 trabalhadores por dia, tendo sido utilizados no prédio 57 mil toneladas de aço, 5,663 m3 de granito e calcário, 10 milhões de tijolos e 730 toneladas de alumínio e aço inoxidável. As vigas de aço foram montadas apenas três dias depois de fabricadas em Pittsburgh. A média da construção foi de 4,5 andares por semana.


CASA de VIDRO


Anos 1940 – Residência Lina Bo Bardi (Casa de Vidro), Lina Bo Bardi (3)
A residência Lina Bo Bardi ficou conhecida como “Casa de Vidro”, assim chamada pelos moradores da redondeza nos tempos de sua construção, quando o local ainda era uma reserva de Mata Brasileira cheia de bichos selvagens. A casa foi implantada na parte mais alta do terreno de 9 mil m² com declive bastante acentuado. Dois corpos distintos a definem: a caixa de vidro que se projeta no espaço a partir de um murro de arrimo e se apóia em delgados pilares metálicos e um segundo corpo assentado diretamente no solo. Estes corpos abrigam respectivamente os compartimentos destinados ao convívio da família e aos serviços.
A caixa de vidro por sua vez está organizada sob dois princípios espaciais que correspondem a duas lógicas estruturais: uma parede longitudinal que a atravessa, divide claramente o setor social do íntimo, sinalizando os dois momentos. No setor social os espaços do estar, jantar e biblioteca estão dispostos num continuum espacial demarcado pelos pilares soltos e por outras peças como o volume da caixa de escada, a lareira, além do vazio do jardim interno: que ainda tem a função de interligar este piso aos pilotis. Em contrapartida, no setor íntimo a divisão espacial se faz mais presente, indicando outra solução estrutural, com apoios embutidos em paredes e no arrimo. Embora as soluções para os apoios sejam distintas as demais soluções construtivas para o piso e a cobertura são as mesmas: caixão-perdido de concreto no piso e telha de fibrocimento sobre laje na cobertura.
Esta obra de Lina Bo Bardi pontua a sua longa jornada na edificação de uma poética da brasilidade: que procurou fundir aspectos de uma cultura local ao fazer mais erudito fincado na modernidade originária no seu continente de origem. Poética inventada progressivamente e sem canduras, porém, não isenta de pragmatismos circunstanciais. Nesta casa alguns aspectos já se manifestam de forma ainda embrionária. Sua inserção no meio da mata nativa é oportunidade para se evocar nossa herança naturalista. A decisão de fazê-la suspensa sobre pilotis e envidraçada demonstra o desejo de se diluir nesta paisagem e, ao mesmo tempo, fixar uma linguagem e uma tecnologia contemporânea. A planta livre caminha na mesma direção. Por outro lado, a obra é perturbada por restrições construtivas locais que contaminam a pureza e a leveza do volume ao impor de certa maneira restrições como da inclinação da cobertura. Restrições que foram posteriormente incorporadas como marca de uma linguagem.